12 abril 2009

Mais uma vez, longe da família...

Hoje pela manhã, o telefone de casa tocou. Era “Call” ligando (número não identificado). Normalmente, quando “Call” liga significa alguém ligando do Brasil via algum tipo de VoIP. Era minha irmã, Gabi.

Engraçado como na hora o meu instinto já me disse que havia algo de errado. Falo muito com Gabi via Skype e MSN... Pra ela ligar pra mim, tão cedo no Brasil... Algo deveria ter acontecido.

A voz chorosa dela nem conseguiu disfarçar na hora de me dar a notícia: “Tio Zé Renato faleceu hoje pela manhã. Infarto. Minha mãe está lá no hospital. Se puder, ligue pra ela mais tarde.”

Nem conversamos muito. Desligamos.

A cabeça começou a funcionar, lembranças, associações... Chegou Grazi perto de mim e perguntou o que aconteceu... Eu contei...

Ela lembrou que ontem, por duas vezes, eu falei de tio Zé. Uma por ser um sobrevivente de um câncer no pulmão (coisa não tão comum)... Outra, por conta da música!

Tio Zé era um amante da música... Mas daqueles que entendia mesmo era de ouvir! Nada de tocar, nada de ter instrumentos, nada de ler partituras... Ele apreciava as melodias, as músicas das trilhas sonoras...

Aqui no meu blog, eu já havia citado tio Zé duas vezes: uma quando falei das memórias e lembranças que surgem em minhas viagens (veja aqui), quando vi em Antuérpia uma loja de itens para colecionadores de música (em 24 de agosto de 2008); outra quando escrevi sobre o falecimento da esposa dele, tia Gel (veja aqui) em 19 de agosto de 2008. Nos dois casos, eu já estava aqui em Barcelona.

Mais uma vez quem me deu a notícia foi Gabinha...

Falei com minha mãe por telefone pela tarde... Ela aparentemente estava forte falando comigo, mas desabou a chorar quando disse que “era algo que ninguém esperava”.

O falecimento foi um susto pra toda a família. Pensei muito na situação dos filhos dele... E também me lembrei de meu primo Alessandro, que também não mora mais no Brasil e tinha muita ligação com ele. A sensação de impotência nessas horas é muito grande.

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Lembrar de Tio Zé é me lembrar dos passeios de escuna pra Ilha de Maré quando eu era criança... É me lembrar dos aniversários dos filhos dele em parques de diversão... É me lembrar de meus primeiros contatos com um PC XT (ele teve um dos de 4,77Mhz e 640Kbytes de memória RAM)... É me lembrar de um sistema de som daqueles de dar inveja, e de muitos, muitos discos mesmo! É me lembrar de um sistema em Clipper encomendado por ele (o CDF, Cadastro de Discos e Fitas) que funcionava até recentemente (não sei se ele deixou de usar o CDF, mas me lembro de ter ido fazer manutenção na parte de impressão do sistema não faz muito tempo). Me lembrar da primeira vez que dirigi um "carrão" (um Monza dele). É me lembrar também de uma pessoa que sempre foi MUITO família, sempre buscava reunir os irmãos... Tenho a certeza de que minha mãe e suas irmãs sentirão muito a falta dele por tão presente que ele era.

Um comentário:

Anamel disse...

J, mais difícil ainda foi ver que ele estava muito bem na sexta. Sorridente, curtindo tudo, alegre. A última imagem que ficou em minha mente foi essa e da despedida de Gab. Como sempre dissemos a ele: "Dá o beijo e abraço do tio Zé". Ele abraçou, depois encheu Zé de beijos. Beijou até na boca (rsrsr). Por último apontou para o óculos de Zé como quem estava com segundas intenções. Mas foi lindo!!